quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Poiesis em ano novo


Vem a forma aqui
almejar no porvir
no vindouro
no novo

Queira a gente ou não
no palácio ou no chão
alegria ou desconforto

Se ilusão das massas
que não valha de nada 
não importe agora

ilusão coração
massa encefálica 
ou não
se envolvem embora

caso faz não agora
mas importa a hora
que o velho vá embora
novo venha de novo

mas que nos faça rir
muito embora partir
alegria ou choro

Danieli Chagas

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Manoel de Barros para sempre...

Aprendimentos

O filósofo Kierkegaard me ensinou que cultura
é o caminho que o homem percorre para se conhecer.
Sócrates fez o seu caminho de cultura e ao fim
falou que só sabia que não sabia de nada.

Não tinha as certezas científicas. Mas que aprendera coisas
di-menor com a natureza. Aprendeu que as folhas
das árvores servem para nos ensinar a cair sem
alardes. Disse que fosse ele caracol vegetado
sobre pedras, ele iria gostar. Iria certamente
aprender o idioma que as rãs falam com as águas
e ia conversar com as rãs.

E gostasse mais de ensinar que a exuberância maior está nos insetos
do que nas paisagens. Seu rosto tinha um lado de
ave. Por isso ele podia conhecer todos os pássaros
do mundo pelo coração de seus cantos. Estudara
nos livros demais. Porém aprendia melhor no ver,
no ouvir, no pegar, no provar e no cheirar.

Chegou por vezes de alcançar o sotaque das origens.
Se admirava de como um grilo sozinho, um só pequeno
grilo, podia desmontar os silêncios de uma noite!
Eu vivi antigamente com Sócrates, Platão, Aristóteles —
esse pessoal.

Eles falavam nas aulas: Quem se aproxima das origens se renova.
Píndaro falava pra mim que usava todos os fósseis linguísticos que
achava para renovar sua poesia. Os mestres pregavam
que o fascínio poético vem das raízes da fala.

Sócrates falava que as expressões mais eróticas
são donzelas. E que a Beleza se explica melhor
por não haver razão nenhuma nela. O que mais eu sei
sobre Sócrates é que ele viveu uma ascese de mosca.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Tomás Antônio Gonzaga
A poesia árcade e a crítica política
Por Danieli Chagas


           “Os árcades regiam contra os excessos barrocos por considerá-los exemplos de”mau-gosto “: era preciso degolar a” hidra do mau-gosto “. O Barroco representava, no seu entender, o desrespeito ao ideal Clássico que norteara a literatura praticada pelo Renascimento. Impunha-se, pois, restituir o equilíbrio Clássico, remontando às suas fontes originais, na Antigüidade greco-latina”.
       A afirmação acima, presente no Dicionário de termos literários, de Massaud Moisés, expressa, em suma, o que foi o movimento literário Arcadismo. Começa a configurar-se uma valorização da simplicidade em detrimento do rebuscamento Barroco. Essa rejeição tradicional pelo movimento literário anterior se dá também pelos ideais iluministas que colocam a razão e a ciência em lugar da fé, tornando, agora, ilegítima a dualidade do homem barroco.
          O Arcadismo, ou Neoclassicismo, não tem esses nomes em vão. Antes os mesmos possuem íntima relação com a natureza de suas obras – No Brasil, principalmente em se tratando de Tomás Antônio Gonzaga. O pastoralismo, característica evidenciada principalmente nas obras contidas em “Marília de Dirceu” que retratam a primeira fase de sua poesia, é a representação do Fugere Urbem, a preferência do campo em relação à cidade com inspiração na Arcádia – região da Grécia onde pastores e poetas, chefiados pelo deus Pã, dedicavam-se à poesia e ao pastoreio.

“Enquanto pasta alegre o manso gado,

Minha bela Marília, nos sentemos
Á sombra deste cedro levantado.
              Um pouco meditemos
              Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive, nos descobre
A sábia natureza.
(Lira XIX (1ª parte) de Marília de Dirceu)


            Neoclassicismo pela retomada do interesse pela Antiguidade greco-latina.

“Estão os mesmos deuses
sujeitos ao poder do ímpio fado:
Apolo já fugiu do céu brilhante,
Já foi pastor de gado.”

(Fragmento da Lira XXXIV, de “Marília de Dirceu”).

       É muito presente, também, nas obras árcades o motivo Carpe Diem que, tendo por argumento a efemeridade da vida e da beleza, é usado pelo poeta para convidar a amada a usufruir o amor enquanto é tempo.

“Que havemos de esperar, Marília bela?
Que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde, já vem frias, e
Pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.
Ah! Não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
De estrago de roubar ao corpo as forças,
E ao semblante a graça”

(fragmento da Lira XXXIV de “Marília de Dirceu”)

     Embora seja “Marília de Dirceu” considerada uma das obras mais características do Arcadismo brasileiro, traz na segunda fase da poesia de Tomás Antônio Gonzaga, em especial, também contida nesta obra, a imagem de um Dirceu pré-romântico, entregue ao pessimismo e à auto-piedade pela saudade de sua amada Marília, uma vez degredado Tomás Antônio Gonzaga por conta da Inconfidência Mineira.

“Nesta triste masmorra,
de um semivivo corpo sepultura,
inda, Marília, adoro
a tua formosura.
Amor na minha idéia te retrata:
Busca, extremoso, que eu assim resista
À dor intensa, que me cerca e mata.”

(fragmento da Lira LXXXI, de Marília de Dirceu “)

         Tomás Antônio Gonzaga possui, entretanto, apenas uma obra lírica. A sua poesia satírica, presente nas “Cartas chilenas”, cuja autoria já fora motivo para discussão, constitui uma visão crítica acerca da situação política e econômica de Minas Gerais, que era sufocada pelos altíssimos impostos cobrados por Portugal como forma de quitar suas inúmeras dívidas. As “Cartas chilenas” refletem, em particular, as arbitrariedades de Fanfarrão Minésio, governador do Chile, como forma de criticar o então governador de Minas Gerais, Luís da Cunha Menezes. Inicialmente fala da posse de Fanfarrão Minésio e critica a tomada do poder por alguém não de direito.

“Ah! pobre Chile, que desgraça esperas!
Quanto melhor te fora se sentisses
As pragas, que no Egito se choraram,
Do que veres que sobe ao teu governo
Carrancudo casquilho, a quem rodeiam
       Os néscios, os marotos e os peraltas!”

       (fragmento da carta I das Cartas chilenas)

                E chega a criticar mais detalhadamente a forma de governo.

    “A desordem, amigo, não consiste
    em formar esquadrões, mas sim do excesso.
    Um reino bem regido não se forma
    Somente de soldados, tem de tudo:
    Tem milícia, lavoura e tem comércio.
    Se quantos forem os ricos se adornarem
   Das golas e das bandas, não teremos
   Um só depositário, nem os órfãos
   Terão também tutores, quando nisto
   Interessa igualmente o bem do Império.
   Carece a monarquia dez mil homens
   De tropa auxiliar? Não haja embora
   De menos um soldado, mas os outros
   Vão à pátria servir nos mais empregos,
   Pois os corpos civis são como os nossos,
  Que tendo um membro forte e outros débeis,
   Se devem, Doroteu, julgar enfermos.”

(fragmento da carta IX das Cartas chilenas)


                        Nota-se em sua obra, como na obra de outros autores árcades brasileiros, a influência das novas ideias que corriam a Europa na época. Esses autores, representantes da intelectualidade brasileira, dão início a um movimento que culmina, no Romantismo, com a Independência brasileira, fortalecendo cada vez mais o vínculo existente entre a literatura brasileira e a realidade brasileira.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O PROFESSOR E A PROMOÇÃO DA INTERATIVIDADE EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

ARTIGO POR DANIELI SILVA CHAGAS - TERÇA-FEIRA, 22 DE ABRIL DE 2014
Temos visto que, em consequência da influência das novas mídias 
nos ambientes utilizados para promover a Educação à Distância,
 o tutor que apenas atendia aos alunos periodicamente para esclarecer 
dúvidas, hoje possui a função de mediar a aprendizagem na educação online.
 Mas será que a responsabilidade de estabelecer um ambiente em que a 
interatividade seja uma realidade que incentive e promova uma melhor
 relação ensino-aprendizagem repousa apenas sobre o professor tutor?(...)

Artigo completo disponível em: : https://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/56405/o-professor-e-a-promocao-da-interatividade-em-ambientes-virtuais-de-aprendizagem

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Jogo on-line ajuda aprender inglês com músicas

De Beatles a Beyonce, Feel The Music reúne mais de 400 hits e auxilia estudantes do nível básico ao avançado a treinar novo idioma
Disponível em:http://porvir.org/porcriar/jogo-on-line-ajuda-aprender-ingles-musicas/20140918(acesso em 24/09/2014)

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Matrículas em cursos a distância crescem 50% em um ano

Já são quase seis milhões de estudantes matriculados nesse tipo de curso. Flexibilidade de horário e preço mais em conta são atrativos.

domingo, 27 de julho de 2014

A Revolução dos Bichos, de George Orwell

O poder do poder

Por Danieli Chagas

Quando fala-se de poder, as pessoas pensam imediatamente a uma estrutura política, um governo, uma classe social dominante, o mestre frente ao escravo, etc. isto não é de nenhum modo aquilo que eu penso quando falo de relações de poder. Eu quero dizer que, nas relações humanas, qualquer que sejam - que trate de comunicar verbalmente, como fazemo-lo agora, ou que trate-se de relações amorosas, institucionais ou econômicas -, o poder continua presente : eu quero dizer a relação na qual um quer tentar  dirigir a conduta do outro. (Michel Foucault)

A Revolução dos Bichos, do escritor inglês George Orwell, é uma fábula que narra a revolução travada pelos animais da Granja do Solar rumo à liberdade a despeito da dominação e tirania humanas. Embora planejada, a revolução acontece meio que acidentalmente e os bichos acabam por expulsar da granja o Sr. Jones, seu proprietário. Mas em vez de, como programado a princípio, passarem a dispor de mais comida, menos trabalho e a tão sonhada liberdade, os bichos se veem, com o tempo, em situações de maior exploração que as vividas no tempo de domínio humano. Habitada por cães, ovelhas, vacas, cavalos, porcos e outros animais, a Granja do Solar, chamada após a revolução de Granja dos Bichos, passa a ser dirigida pelos mesmos. Esses estabelecem inicialmente regras que regeriam a nova granja, a saber: “qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo”, “nenhum animal usará roupas”, “nenhum animal beberá álcool”, “nenhum animal dormirá em camas”, “nenhum animal matará outro animal”, “todos os animais são iguais”, dentre outros.
Logo de início se estabelece o consenso de que os porcos são melhor dotados para dirigir a granja e o porco Napoleão, isso mesmo: Napoleão, passa a dirigir a granja junto com o porco bola-de-neve, que acaba futuramente expulso da granja acusado por Napoleão de estar tramando contra os bichos junto com humanos. O curioso é que, por conta da “necessidade de se alimentarem bem por gastarem muita energia intelectual para dirigir a granja” e outras justificativas, os porcos acabam tendo mais comida, ficando com as sobras das maçãs colhidas, do leite tirado das vacas, do feno e outros frutos do trabalho dos animais, que recebem cada vez menos comida. Ao final da fábula, os porcos, cujas decisões controversas são sempre bem justificadas pelo porco chamado garganta, já habitam a casa do Sr.Jones, dormem nas camas da casa, vestem as roupas dos humanos, bebem cerveja, negociam com os proprietários das granjas vizinhas e ameaçam de morte os animais que se atrevam a questionar sua atitude.

O texto de Orwell foi escrito durante a segunda guerra mundial e publicado em 1945, antes do fim do conflito. Desde então tem sido visto como crítica ao stalinismo, nazismo, facismo, tendo sido utilizado até mesmo como arma ideológica contra o comunismo durante a Guerra Fria. Se trouxermos tais reflexões para os dias atuais, vemos que a leitura de A Revolução dos Bichos nos mostra que, assim como acontece com os animais na granja do Solar, muitos infortúnios, seja trazidos por guerras e genocídios em um plano mais amplo e condenável, seja idealizados na propagação de mentiras ou verdades distorcidas em período eleitoral num plano quisto mais inocente, estão sempre ligados a um visceral desejo por poder.

domingo, 20 de julho de 2014

Urubus e sabiás

Rubem Alves


Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Novo acordo ortográfico: o que muda e o que permanece nas regras de acentuação gráfica?
Por Danieli Chagas

Não é o primeiro e, muito provavelmente, não será o último. Ainda assim, o novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa; assinado por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe em 1990, gera dissidências até hoje. Em 2008, Evanildo Bechara, autoridade responsável no Brasil pela resolução de conflitos ou pendências em torno da nova regra, já assegurava que a grafia da Língua Portuguesa sofreu mais alterações nos outros países, inclusive em Portugal, do que no Brasil. São essas alterações, poucas para alguns e muitas para outros, e seu impacto nas regras de acentuação gráfica que veremos a seguir.

·        Palavras oxítonas e monossílabos tônicos: Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em a (s), e (s), o (s) e em (ens). Essa regra não mudou com a nova ortografia. Continua, logo, sendo o motivo da acentuação de palavras como: pá, atrás, fé, através, pó, cipós, também, armazéns.
Observação: De forma análoga a esta regra acentuam-se as formas verbais terminadas em a, e, o tônicas, quando utilizadas com os pronomes lo(s) e la(s) como em amá-la, dá-los, movê-los, conhecê-las, dispô-la, compô-lo.

·        Palavras paroxítonas: Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em l, i (s), n, us, r, x, ã (s), ão (s), um (uns), om, on, ps e ditongo. Essa regra também não mudou. Continua, logo, sendo o motivo da acentuação de palavras como: álcool, júri, lápis, hífen, pólen, bônus, revólver, tórax, órfã, órfão, álbum, álbuns, rádom, próton, fórceps, pônei. Observem que esta regra se opõe à regra de acentuação das palavras oxítonas, visto que não acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em a (s), e (s), o (s) e em (ens), como pode ser observado nos exemplos acima. Este fato explica, por exemplo, a ausência de acento gráfico nas palavras hifens e polens, mesmo sendo acentuadas no singular.

·        Palavras proparoxítonas: Continuam sendo todas acentuadas. Por isso temos acento em lâmpada, pálido, lúdico, rápido e outros exemplos.

·        Casos especiais: Além das regras acima, que não foram alteradas, há casos especiais de acentuação em Língua Portuguesa. Veremos a seguir quais são esses casos e quais foram as mudanças trazidas pelo novo acordo ortográfico em relação a eles.

- Acento diferencial:
Não é mais utilizado nas palavras: pêlo /pelo , pára /para ,pólo/ polo ,pêra / pera e côa/ coa.
Mantém-se, entretanto, nas palavras: pôr (verbo), pôde (verbo no passado), eles têm, eles vêm (e seus compostos no plural: eles mantêm, eles convêm), fôrma(de bolo) e forma( modo ou verbo formar).

-Acento nos ditongos abertos éi, ói e éu
Não é mais utilizado nas palavras paroxítonas: ideia, jiboia, assembleia e paranoia.
Mantém-se, entretanto, nas palavras oxítonas e monossílabas tônicas: céu, chapéu, corrói, dói, pastéis e coronéis.

- Acento nas vogais I e U tônicas quando isoladas na sílaba para indicar um hiato:
Não é mais utilizado nas palavras paroxítonas em que o I ou U venha após um ditongo: feiura, baiuca.
Mantém-se, entretanto, quando o I ou o U não vem após um ditongo ou vem após o ditongo em uma palavra oxítonas: saúde, juíza, atraí-lo, saída, tuiuiú, Piauí.
Observações:
1- O s é neutro nesses casos, por isso temos acento em balaústre.
2- Note que juiz  e aplaudi-lo não têm acento porque o I não fica sozinho na sua sílaba.
3- Essa regra não se aplica quando o I e o U em questão estiverem antes de um NH, como em Rainha.

-Acento em U tônico nos encontros GU e QU:
Não é mais utilizado: averigue, apazigue, oblique
Observação: Esse U é tradicionalmente tônico, por isso havia o acento (averigúe, apazigúe, obliqúe); mas, entre pessoas de menor escolaridade ou não, esse U já vem sendo pronunciado de forma átona há algum tempo.

- Acento nos hiatos EE e OO:
Não é mais utilizado: voo, enjoo, leem, creem.

Referências bibliográficas:
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa – Atualizada Pelo Novo Acordo Ortográfico. Editora Lucena, 37ª Edição, 2009.
Bechara, Evanildo.O que muda com o novo Acordo Ortográfico, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

COLOMBO,Sylvia. Gramático Evanildo Bechara defende novo acordo ortográfico In: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2008/12/484105-gramatico-evanildo-bechara-defende-novo-acordo-ortografico.shtml . Acesso em 20 de junho de 2014.

domingo, 8 de junho de 2014

Lançamento do meu primeiro Livro infantil: Xis Pimenta Malagueta

Por Danieli Chagas
                
            
         Nesse último sábado recebi amigos e familiares para o lançamento do meu primeiro livro infantil: "Xis Pimenta Malagueta". O evento ocorreu na biblioteca Cial Brito, integrante do Centro Cultural Sílvio Monteiro e contou com atividades de desenho e pintura, além de contação de estórias realizada pela professora Leci Loyola.


                





                Xis Pimenta Malagueta conta as travessuras realizadas por uma letra “x” inconformada com o número de palavras em que é empregada. É uma rica oportunidade para falar sobre ética, retratando de forma leve e descontraída os males gerados por “x” ter escondido “ch” só para poder escrever mais palavras. O texto também fala sobre ortografia de forma simples, ajudando a pensar, de forma divertida, sobre as confusões que o emprego ou não de determinadas letras pode gerar ao escrever.
       O livro encontra-se à venda no site da editora Multifoco: http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=1648&idProduto=1680


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Lançamento do livro infantil Xis Pimenta Malagueta


                 No dia 07 de Junho, a partir das 10:00 h , haverá o lançamento do livro infantil Xis Pimenta Malagueta. O livro conta as travessuras realizadas por uma letra “x” inconformada com o número de palavras em que é empregada. É uma rica oportunidade para falar sobre ética, retratando de forma leve e descontraída os males gerados por “x” ter escondido “ch” só para poder escrever mais palavras. O texto também fala sobre ortografia de forma simples, ajudando a pensar, de forma divertida, sobre as confusões que o emprego ou não de determinadas letras pode gerar ao escrever.

"A criação de um jogo de palavras que ensinasse ortografia parecia uma oportunidade imperdível para confundir as crianças com uma bela traquinagem. Por que escrever chuva com “ch” e não com “x”? , pensa o Xis Pimenta Malagueta. E assim, meio que naturalmente, surge o plano de uma traquinagem ortográfica para levar crianças que brincassem com o tal jogo de palavras a escreverem com “x” as palavras que deveriam ser escritas com “ch”. Mas essa traquinagem não fica por isso mesmo, pois o jogo em que Xis arma seu plano vai parar justamente nas mãos de Paulinha Durinha, menina decidida que, depois de levar bronca do pai pelas derrapadas na ortografia causadas pelo Xis, não vai se conformar até descobrir o que houve."(Danieli Chagas)

segunda-feira, 19 de maio de 2014


Aplicativo no Facebook ajuda a estudar para o Enem

AppProva apresenta quiz com mais de 9 mil questões; sistema identifica lacunas de conhecimento e sugere pontos a desenvolver


                 Fonte:  http://porvir.org/porcriar/aplicativo-facebook-ajuda-estudar-para-enem/20140506

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Dia Mundial do Livro

Por Danieli Chagas

Fonte da imagem: http://www.correiodeuberlandia.com.br/

           Hoje é dia mundial do livro. Instituído pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization -UNESCO, o dia do livro é comemorado em 23 de abril  por ter sido o dia da morte de diversos autores universais, cujas obras até hoje são referência sobretudo na cultura ocidental, a exemplo de Cervantes, Shakespeare e outros. Ameaçado pelos e-books, segundo opiniões mais conservadoras, o livro de papel não é um dos produtos mais consumidos no Brasil. Mas, digital ou não, a fome por histórias ainda impulsiona muitos leitores em sua busca.Ainda bem!

Feliz dia do livro!

terça-feira, 1 de abril de 2014


Mito ou mentirinha?

Por Danieli Chagas

O renomado linguista Marcos Bagno desmente, em seu livro “Preconceito Línguístico”, oito mitos largamente propagados no Brasil sobre a Língua Portuguesa. Visto que o dia de hoje é conhecido como o “dia da mentira”, creio que seja válido listá-los para que pensemos, afora sua natureza mítica, no caráter manipulador, movido talvez por uma necessidade de dominação cultural e social que pode ter causado o surgimento, intencional ou não, destas pequenas mentirinhas que acabaram se consagrando como grandes verdades.
Bagno considera como mito as seguintes afirmações:
1-A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente
2- Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português
3-Português é muito difícil
4-As pessoas sem instrução falam tudo errado
5-O lugar onde melhor se fala português no Brasil é no Maranhão
6- O certo é falar assim porque se escreve assim
7- É preciso saber gramática para falar e escrever bem
8-O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social

                Ao apresentar tais afirmações como mitos, o autor não descarta um ponto de verdade no equívoco que as geraram, mas apresenta explicações científicas para fatores  que são vistos como erros ou “burrice” por uma questão de preconceito e exclusão social.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Você sabe o que é uma palavra pré-proparoxítona?

Por Danieli Chagas

                Falava sobre as regras de acentuação gráfica com meus alunos de ensino médio na semana passada, quando um deles perguntou se havia alguma palavra em que a sílaba tônica estivesse antes da antepenúltima. A pergunta fazia todo sentido, visto que eu relembrava as regras de acentuação gráfica das palavras oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas, aquelas em que a sílaba tônica é, respectivamente, a última, penúltima ou antepenúltima.
           Sabemos que a curiosidade é o elemento que move, muitas vezes, pesquisadores e cientistas em busca de uma explicação para a realidade que nos cerca. Então, aproveitei para explicar que a Língua Portuguesa possui um padrão de acentuação tônico em que predominam as palavras paroxítonas(pare pra pensar no nome dos objetos que estão ao seu redor e verá que a maioria dessas palavras é paroxítona) e em que são raras as palavras proparoxítonas, chamadas também de esdrúxulas(não é por acaso que todas são acentuadas). Uma palavra em que a sílaba tônica se localize antes da antepenúltima seria, logo, uma palavra assustadoramente rara, bisesdrúxula, pré-proparoxítona.
A pré-proparoxitona, quase não considerada no padrão do português brasileiro é comum no inglês, a exemplo de palavras como “comfortable”/“virtually” e presente no espanhóis “pergúntamelo”/“entrégaselo”. Em português brasileiro temos usado o “déficit” inglês como nosso, dando-lhe até o nosso acento agudo, mas não é fácil encontrar exemplos dessas palavras em Língua Portuguesa. Podemos considerar a palavra “pterodáctilo” se tivermos boa vontade e considerarmos o fenômeno chamado por Joaquim Mattoso Câmara Junior de epêntese ao pronunciarmos “pi-te-ro-dá-qui-ti-lo”, mas pela regra vigente ela é proparoxítona.


Então, pergunto aos colegas. Alguém tem um exemplo prático e válido de palavra pré-proparoxítona em Língua Portuguesa?

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014


Educação a distância: prós e contras

                    Diferente do que muitos pensam, a Educação a distância tem início já em meados do século XIX, na Europa, com a criação dos cursos por correspondência. Tais cursos, que começam no Brasil no início do século XX, são de caráter principalmente profissional e se expandem por todo o mundo, evoluindo no final da primeira metade do século XX para o que podemos chamar de segunda fase da EAD, que no Brasil, em especial, surge com a criação do rádio e em seguida da televisão, facilitando o surgimento das produtoras de conteúdos educativos por redes radiofônicas e após dos telecursos, que convivem ainda com os cursos por correspondência. Mas é a partir do final da década de 60, com a criação da Open University, na Inglaterra, e futuramente com a popularização dos computadores que a educação a distância começa a dar os primeiros passos para chegar ao formato que conhecemos hoje, alcançando maior visibilidade e passando a ser reconhecida pelas autoridades brasileiras com a consequente criação da Universidade Aberta do Brasil em 2005 e com o início de uma tentativa de legislar a área no mesmo ano. Mesmo com sua popularização, entretanto, principalmente em se tratando dos cursos desenvolvidos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem - AVAs, a Educação a distância ainda gera receios.

     E você? O que pensa sobre Educação a Distância? Quais seriam seus prós ou contras? E se falarmos em educação mediada por tecnologias da informação e comunicação? É a mesma coisa?

domingo, 23 de fevereiro de 2014

                        

Resenha de Um Apólogo, de Machado de Assis
Por Danieli Chagas


Diz o consenso que todo bom autor ou compositor também produz obras menores. Difícil é, entretanto, falar de uma obra machadiana sem acreditar na exceção dessa regra pré-estabelecida popularmente. Os recursos discursivos, o caráter analítico dado pelo texto às  paixões humanas e o brilhantismo com que as põe em voga através do emprego da ironia, como feito por poucos, cobre sua obra de significados expressos como só Machado sabe fazer.
Em Um Apólogo, conto publicado em 1896 na coletânea Várias Histórias, o autor descreve basicamente o diálogo entre uma agulha e um novelo de linha enquanto, na casa de uma baronesa, uma costureira as utiliza para compor o vestido a ser utilizado pela dona da casa em um importante baile. Machado abre o conto com a expressão Era uma vez, muito comum em contos infantis como os dos irmãos Grimm, por exemplo, que tornaram-se referência  na construção de todo um imaginário infantil através de sua obra. Por mais que lhe possa ser atribuído uma estrutura narrativa ao estilo das histórias infantis, assumindo um caráter profundamente didático, inclusive, que não nega nem mesmo a moral da história ao final, Um apólogo não foge a uma das principais características da obra machadiana, a saber, o construir, estruturar, expor ou analisar o que já foi chamado por muitos de anatomia do caráter humano, bem ao estilo realista, mas feita por Machado sempre com maestria atemporal.
No diálogo em que a linha e a agulha travam em Um apólogo, as duas discutem quem é a mais importante, cada uma tecendo argumentos em favor de sua indispensabilidade enquanto ambas são utilizadas pela costureira . Embora a provocação inicial parta da agulha, é a linha que vence a argumentação triunfalmente, rebatendo a agulha ao dizer que , por mais que sua dissidente abra os caminhos para que  possa costurar os tecidos, é ela, a linha, quem vai ao baile, no corpo da baronesa, dançar com diplomatas e ministros, sendo sua oponente obrigada  a voltar para a caixinha da costureira.
O desfecho é inovador e surpreende não por terminar com uma moral, o que , aliás, é esperado pelo leitor atento pelas características que Machado toma emprestadas da fábula para compor sua narrativa. Mas provoca uma quebra no texto ao apresentar um narrador em primeira pessoa, diferente de suas intervenções até então em terceira pessoa, e por ser essa moral muito mais ligada a um público adulto, a quem muito provavelmente se destina, que a um público infantil, bem como pelo seu pessimismo característico, sobretudo, dos contos que compõem a coletânea Várias Histórias como A Cartomante, por exemplo.
Diferente de algumas obras de Machado, sobretudo os romances, que são ricos em detalhes que descrevam as atitudes nos mais variados meios, desde a política à vida familiar, em que são reveladas as mais profundas peculiaridades inerentes à natureza humana de forma profundamente densa, Um apólogo pode ser considerado por muitos uma leitura fácil e clara. Por isso, tal obra pode ser utilizada até mesmo didaticamente sem muitas dificuldades por um público adolescente e mesmo infantil, mas não deixa a desejar em nada a outros contos e romances machadianos em material para reflexão.



sábado, 22 de fevereiro de 2014

Um pouco de Machado de Assis

Esta primeira postagem é dedicada aos meus alunos herdeiros da paixão pela obra do grande escritor Machado de Assis, que mediando minhas releituras ressignificaram minha forma de lê-lo.

Um Apólogo

Machado de Assis

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora?  A senhora não é alfinete, é agulha.  Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa!  Porque coso.  Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você?  Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser.  Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?  Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?  Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: 
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. 
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!