Porque somos texto. A forma como nos veem, então, constrói-se à medida que o diálogo com o contexto cultural, subjetivo, pessoal e situacional, que perpassa o recorte sob o qual somos vistos, se estabelece.
Blog destinado à publicação e discussões em torno de textos ligados aos temas: Educação, Língua Portuguesa e Literatura.
quinta-feira, 4 de junho de 2015
sábado, 30 de maio de 2015
sábado, 4 de abril de 2015
A educação sob uma nova perspectiva
Por Danieli Chagas
Breve histórico da Educação a Distância à luz do texto Panorama Nacional e Internacional de Educação Aberta e a Distância, de Marcos Formiga.
Texto disponível na íntegra em:
https://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/58366/a-educacao-sob-uma-nova-perspectiva
sábado, 21 de março de 2015
domingo, 22 de fevereiro de 2015
Qual é, afinal, a importância do ensino de Língua Portuguesa em tempos de renovações paradigmáticas e multiplicação do acesso às tecnologias?
Por Danieli Chagas
Uma das questões que se deve ter em mente ao oferecer o curso de Letras tem a ver justamente com as atribuições do profissional que se forma nesta área. O que faz, ou deve fazer, um professor de Língua Portuguesa? Esclarecer esta dúvida tão básica quanto complexa ou desafiadora parece simples, mas é, geralmente, de forma equivocada que este processo se estabelece na sociedade brasileira. Muitos são os livros e programas televisivos que se pretendem a ensinar a falar “Português”. O que parece mais intrigante, entretanto, é que o público-alvo destes livros ou programas são pessoas que têm na Língua Portuguesa a sua língua materna, o que nos faz perguntar o que estas pessoas devem aprender, visto que já utilizam a tal Língua Portuguesa. Não seria de assustar que algum teórico, estudante ou mesmo curioso mais conservador respondesse, rapidamente, que o ensino da Língua destina-se a coibir usos incorretos ou inadequados que deturpem a língua, evitando erros de prosódia, ortoepia ou mesmo erros gramaticais, através, de preferência, da memorização de regras e mais regras e de exceções e mais exceções que visem ao “bom uso” do idioma. Mas será que é essa e, mais ainda, só essa a função do professor de Língua Portuguesa?
Marcos Bagno, conhecido linguista responsável por algumas das mais atuais discussões acerca do ensino de Língua Portuguesa, diria que não. Para ele
Néstor Canclini, autor latino americano reconhecido por seus estudos na área da comunicação cultura e sociologia; aponta, no texto “Leitores, espectadores e internautas”, diversos aspectos das mudanças sociais ocasionadas em virtude do advento das tecnologias da informação e comunicação. Canclini afirma já no início do capítulo “convergência”, que Os professores continuam falando de um divórcio ou curto-circuito entre, de um lado, escola e leitura e, do outro, o mundo da televisão, cinema e outros passatempos audiovisuais. Isto posto, afirma que há tempos a leitura e as tecnologias midiáticas, por exemplo, são vistas de forma antagônica. Não raro assistimos a critica de professores ao aumento do acesso aos recursos audiovisuais em detrimento do incentivo à leitura dos clássicos. Não creio que os clássicos devam ser abandonados, como já dito as atividades de leitura precisam ocupar mais espaço nas salas de aula, mas é inegável que a criação de formas de convívio destes com as mídias digitais urge. Para permitir a convivência entre a escola e as novas mídias, entretanto, é preciso mais do que enriquecê-la com aparatos tecnológicos. É neste momento que se mostra essencial o desenvolvimento da criatividade, no sentido apontado por Canclini. O autor afirma que "O pensamento pós-moderno abandonou a estética da ruptura e propôs reavaliar diversas tradições, fomentando a citação e a paródia do passado mais do que a invenção de formas inteiramente inéditas". Isso acontece, inclusive, quando nos aproximamos de um aparato tecnológico na escola com fórmulas prontas, muitas vezes simplesmente adaptando uma mesma aula infopobre para criar uma aula inforica, mas pobre em novas posturas e concepções. Acreditando-se que se faz necessário aproveitar os recursos tecnológicos, de forma a levar os alunos à tão cobiçada e esperada capacidade de resolver problemas de forma não convencional, fica fácil crer que fugir desta urgência pode impedir que tenhamos, no futuro, profissionais preparados para uma sociedade que não mais valoriza o que é feito “em série”.
Neste contexto, pode-se perceber que o uso da tecnologia se apresenta como grande aliado para o rompimento da prática do ensino de Língua
Portuguesa como sinônimo de ensino de classificações gramaticais, abrindo caminho para a formação de leitores, escritores e pensadores competentes, capazes de analisar, produzir e criticar informação nos seus mais variados gêneros textuais em vez de máquinas de identificar classes gramaticais ou funções sintáticas.
Marcos Bagno, conhecido linguista responsável por algumas das mais atuais discussões acerca do ensino de Língua Portuguesa, diria que não. Para ele
As contribuições das novas disciplinas surgidas dentro do campo maior da linguística_ sociolinguística, psicolinguística, linguística do texto, pragmática linguística, análise da conversação, análise do discurso etc._ ampliaram enormemente o objeto mesmo dos estudos da linguagem: o tradicional exame da “língua em si” (que se detinha exclusivamente na gramática da frase, considerada apenas em suas dimensões fonético-fonológicas, morfossintáticas e lexicais) deixou de ser o foco exclusivo das investigações científicas da linguagem, que têm se lançado cada vez mais na busca da compreensão dos fenômenos da interação social por meio da linguagem, da relação entre língua e sociedade, da aquisição da língua pela criança, dos processos envolvidos no ensino formal da língua, do controle social exercido pelas ideologias veiculadas no discurso etc.(BAGNO, 2002, p. 14)Mas o próprio linguista reconhece que o ensino em sala de aula ainda está longe de contemplar esta realidade, principalmente nos ensinos fundamental e médio. Embora possamos ter a mão e consultar uma infinidade de dicionários, impressos ou virtuais, ainda há aulas voltadas à mera memorização ortográfica, facilmente assimilada, aliás, através das atividades de leitura, às quais deveria ser dada maior atenção, a propósito, em detrimento do apego à ideia da formação de dicionários ambulantes. Bagno reforça que tal equívoco tem origem, dentre outros fatores, no fato de
Os professores em atividade hoje e que se formaram há mais de vinte anos “aprenderam, na universidade, a considerar a língua como um fenômeno homogêneo, iniciando-se numa gramática formal ( sobretudo estrutural), e tomando a sentença como seu território máximo de atuação”(Castilho, 1998:12). Diante das novas propostas de investigação-teorização lançadas pelas diferentes correntes da linguística contemporânea (e pelas instâncias oficiais de ensino), a reação de muitos profissionais é, no melhor dos casos, de espanto e perplexidade e, no pior, de rejeição total. Por sua vez, os professores que se formam atualmente e que, em seus cursos universitários, entram em contato com as novas propostas científicas, ainda não conseguem consubstanciá-las em instrumental pedagógico efetivo para sua prática de sala de aula. Além disso, embora muitos terminem seu curso universitário dispostos a renovar o ensino de língua, o embate com as estruturas de um sistema educacional obsoleto, pouco flexível e tremendamente burocratizado acaba frustrando muitos desses novos professores.(BAGNO, 2002, p.15-16)Sendo assim, o que presenciamos é a repetição de um modelo que Patrícia Alejandra Behar, em “Modelos pedagógicos em Educação a distância”, afirma ser o modelo de educação vigente na “sociedade industrial”. Este modelo, para ela
privilegia o ensino tecnicista, tendo como função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis, de acordo com suas aptidões. Nesse modelo, a prática pedagógica vivenciada não apresenta relação com o cotidiano do aluno, pouco desperta a curiosidade, privilegiando o acúmulo de conhecimentos, valores e normas da sociedade. Como resultado decorrente, o aluno passa a se desinteressar por não perceber o sentido daquilo que está sendo ensinado.(BEHAR, 2009, P.15)Se pensarmos que as novas concepções de linguagem e ensino de Língua materna acompanham as mudanças de paradigma no campo teórico-metodológico da educação, mobilizada, sobretudo pela mudança de cenário resultante do advento das novas tecnologias da informação e comunicação, fica fácil crer que a concepção da educação baseada exclusivamente no modelo “transmissão de conteúdos” deixou de fazer sentido.
Néstor Canclini, autor latino americano reconhecido por seus estudos na área da comunicação cultura e sociologia; aponta, no texto “Leitores, espectadores e internautas”, diversos aspectos das mudanças sociais ocasionadas em virtude do advento das tecnologias da informação e comunicação. Canclini afirma já no início do capítulo “convergência”, que Os professores continuam falando de um divórcio ou curto-circuito entre, de um lado, escola e leitura e, do outro, o mundo da televisão, cinema e outros passatempos audiovisuais. Isto posto, afirma que há tempos a leitura e as tecnologias midiáticas, por exemplo, são vistas de forma antagônica. Não raro assistimos a critica de professores ao aumento do acesso aos recursos audiovisuais em detrimento do incentivo à leitura dos clássicos. Não creio que os clássicos devam ser abandonados, como já dito as atividades de leitura precisam ocupar mais espaço nas salas de aula, mas é inegável que a criação de formas de convívio destes com as mídias digitais urge. Para permitir a convivência entre a escola e as novas mídias, entretanto, é preciso mais do que enriquecê-la com aparatos tecnológicos. É neste momento que se mostra essencial o desenvolvimento da criatividade, no sentido apontado por Canclini. O autor afirma que "O pensamento pós-moderno abandonou a estética da ruptura e propôs reavaliar diversas tradições, fomentando a citação e a paródia do passado mais do que a invenção de formas inteiramente inéditas". Isso acontece, inclusive, quando nos aproximamos de um aparato tecnológico na escola com fórmulas prontas, muitas vezes simplesmente adaptando uma mesma aula infopobre para criar uma aula inforica, mas pobre em novas posturas e concepções. Acreditando-se que se faz necessário aproveitar os recursos tecnológicos, de forma a levar os alunos à tão cobiçada e esperada capacidade de resolver problemas de forma não convencional, fica fácil crer que fugir desta urgência pode impedir que tenhamos, no futuro, profissionais preparados para uma sociedade que não mais valoriza o que é feito “em série”.
Neste contexto, pode-se perceber que o uso da tecnologia se apresenta como grande aliado para o rompimento da prática do ensino de Língua
Portuguesa como sinônimo de ensino de classificações gramaticais, abrindo caminho para a formação de leitores, escritores e pensadores competentes, capazes de analisar, produzir e criticar informação nos seus mais variados gêneros textuais em vez de máquinas de identificar classes gramaticais ou funções sintáticas.
REFERÊNCIAS:
BAGNO, Marcos; GAGNÉ, Gilles; STUBBS, Michael (Eds). Língua materna: letramento, variação e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2002.
BAGNO, Marcos; GAGNÉ, Gilles; STUBBS, Michael (Eds). Língua materna: letramento, variação e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2002.
BEHAR, Patricia Alejandra (org.). Modelos Pedagógicos para a Educação a Distância. Porto Alegre: Artmed, 2009.
CANCLINI, Néstor Garcia. Leitores, espectadores e internautas. São Paulo: Iluminuras, 2008.
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